sexta-feira, 29 de outubro de 2010

A corrente dos desesperados



Leandro Fortes, jornalista da CartaCapital e blogueiro - Brasília, eu vi -, recebeu um e-mail de algum desavisado.

O espetáculo de preconceito é ilustrativo do desepero que assola a hoste tucana.

Li o e-mail e lembrei de um funk das Panteras: Elas tão descontroladas.


A última cruzada tucana
Leandro Fortes


E quando acabar essa moleza, não se esqueçam: é pra votar no Serra!

O conteúdo abaixo caiu na minha caixa de spam, hoje de manhã, enviado por um certo Rodrigo Roni, certamente um dos muitos brucutus de internet a serviço da campanha de José Serra. Normalmente, apago da minha caixa de mensagem de e-mails correntes de quaisquer naturezas, pela óbvia razão de serem escritas e disseminadas por fanáticos religiosos, militantes políticos extremistas e idiotas em geral. Esta, contudo, embora não fuja à regra, é bastante emblemática sobre o desespero de certa porção da classe média em relação à perspectiva da vitória de Dilma Rousseff e da continuidade dos programas sociais do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Trata-se de um panfleto anti-petista por excelência, recheado de preconceitos e ofensas amarguradas, um último apelo à insensatez em nome da preservação dos piores e mais mesquinhos valores dessa parcela da sociedade brasileira que caminha, felizmente, para a extinção.

Para garantir votos ao tucano José Serra, a corrente estabelece uma fórmula baseada, explicitamente, nas relações da Casa Grande com a Senzala. Ensina ao patrão e à dona-de-casa de classe média como convencer empregadas domésticas, porteiros, motoristas, ascensoristas e empregados em geral do perigo que representará a eleição de Dilma. Reparem que as recomendações são para os empregados de dentistas, advogados, clientes, nunca para os dentistas, advogados e clientes, desde já colocados como pessoas de primeira categoria, portanto, imunes ao discurso patético de persuasão apregoado pelo panfleto. Há, ainda, o risível apelo a ser feito “ao atendente da sauna, da academia, da escola de natação, da escola de inglês das crianças”.

Enfim, um texto altamente representativo do tipo de elite que temos no País, suas razões, seus preconceitos, seus medos e seu instinto de preservação baseado em conceitos primários. Uma elite que acha que pode convencer seus serviçais, a quem trata como escravos, a não votar na continuidade de um projeto político que lhes garantiu, pela primeira vez na vida, emprego formal, crédito, qualidade de vida, auto-estima e representação política real.

No auge do desespero, o autor do texto deixa transparecer seu caráter doentio ao se referir a Dilma como “perereca assassina e terrorista”. É essa gente que se coloca como alternativa a um governo popular que tirou o Brasil do buraco.

Vale a pena ler, portanto, esse tratado da demência de auto denominados “formadores de opinião”:

Como Ganhar Votos para o Serra

Meus amigos,

Tenho recebido da maioria de vocês, quase que diariamente, emails de indignação contra PT e Dilma.Ficar falando entre nós não leva a nada. E o que a gente precisa fazer é ir atrás dos indecisos, dos que possam até gostar do Lula mas não necessariamente da Dilma, quem sabe ainda dá pra virar essa eleição.

Mas eu pergunto – o que realmente estamos fazendo para que o José Serra ganhe esta eleição??? Por que não adianta nós, os denominados “formadores de opinião” ficarmos trocando emails de coisas que já sabemos. Assim, convoco a todos para um pacto que é:

CONVERSAR COM, NO MÍNIMO, DUAS PESSOAS POR DIA SOBRE A ELEIÇÃO PRESIDENCIAL E CONVENCER ESTA PESSOA A VOTAR NO SERRA

Quem são as pessoas que temos que conversar e convencer:

· a sua assistente doméstica / sua diarista

· seus funcionários

· o guarda da escola das crianças, a tia da escola, a tia da cantina

· o porteiro da sua casa e do seu trabalho

· o manobrista do seu carro, para quem usa estacionamento

· o ascensorista do prédio do seu dentista, do seu advogado, do seu cliente

· o frentista do posto de gasolina

· a caixa do supermercado, da farmácia, do sacolão, …..

· a recepcionista da empresa do seu cliente

· a vendedora da loja de sapato, de roupa, ….

· o garçon do restaurante e do boteco

· o cabeleireiro, a manicure, a fisioterapeuta, a massagista,

· o atendente da sauna, da academia, da escola de natação, da escola de inglês das crianças, etc

Vejam que todos os dias, encontramos no mínimo 10 pessoas diferentes na nossa vida. Daqui até o dia 31 de outubro são somente 12 dias de trabalho, em prol da mudança de grupo político para governar nosso país.

Não queremos ver o PT mais 8 anos no governo se locupletando e explorando a boa fé dos incautos e/ou ignorantes.

Em vez de falar do tempo, vamos falar da eleição. Quando encontrar alguém no elevador, pergunte em quem ele vai votar. E se essa pessoa disser que vai votar no Serra, instigue ele a entrar nessa campanha.

Não envie apenas, emails falando do passado da Dilma, que o Lula não estudou, que o governo do PT sabia do mensalão, (isso nós já sabemos).

Vamos à luta!!!

Esse é o momento, FAÇA A SUA PARTE!!! Ninguém vai saber se você fez a sua parte, somente você e Deus.

A hora de trabalhar é agora !!

Esta é uma corrente… do BEM.

Funciona assim:

Se você passar este e-mail para pelo menos 10 outras pessoas e estas passarem para outras 10, e assim por diante, ao final de outubro um milagre irá acontecer e beneficiará você e sua família e a todas as famílias que repassaram esta corrente. Já, se você simplesmente ignorar esta corrente, não a repassando, ao final de outubro você será amaldiçoado com o pior de todos os pesadelos: aturar a perereca assassina e terrorista por quatro longos anos de sua vida!!!! Pense bem !!

Não se esqueça!

Foi a Internet que ganhou o plebiscito do desarmamento.

Portanto, podemos vencer essa eleição também, se nos concentrarmos em um candidato melhor que o Lula. Com ela: PODE FICAR MUITO PIOR.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Luis Fernando Ayerbe: a morte de Kirchner gera um vácuo de liderança na Argentina

Extraído do Operamundi.


28/10/2010 - 15:24 Luis Fernando Ayerbe São Paulo

O legado deixado por Néstor Kirchner

Diferentemente dos seus principais aliados regionais Hugo Chávez, Luiz Inácio Lula da Silva e Evo Morales, que chegam à presidência como autêntica expressão da nova geração de partidos políticos e movimentos sociais legitimados na oposição ao “Consenso de Washington”, a ascensão de Néstor Kirchner, de extensa trajetória no peronismo, buscou recompor a credibilidade do sistema político e econômico, afetado pelo quadro de crise de amplas proporções gerado pelo colapso financeiro que levou ao fim do governo de Fernando De la Rua em 2001.

Eleito presidente em 2003, desde o início, seu governo operou um processo de recuperação econômica, favorecido pela suspensão dos pagamentos da dívida, ampliação do consumo de uma população desconfiada com o sistema bancário que confiscou parte da sua poupança, e a desvalorização cambial, que impulsionou as exportações e a recuperação da indústria voltada para o mercado interno. Após a queda do PIB de 10,8% em 2002, inicia-se um período de expansão, com crescimento de 8,8% em 2003, 9,0% em 2004, 9,2% em 2005, 8,5% em 2006 e 8,7% em 2007, último ano do seu mandato. Em maio de 2005, foi concluída a oferta de bônus da dívida em default, obtendo-se a adesão de 76,15% dos credores, que implicou num desconto nominal de 65,6% sobre um total de dívida reestruturada de 102 bilhões de dólares.

Com a situação favorável no âmbito da economia, o grande desafio é desarmar o radicalismo que a conflitividade social tinha atingido, abalando a confiança da sociedade na classe política, incorporada em bloco na palavra de ordem “que se vayan todos”, que unificou os protestos que derrubaram De la Rua. Parte fundamental dessas manifestações teve como protagonista o movimento piquetero, que irrompe no país na década de 1990, formado por grupos de desempregados que protestam cortando estradas. A resposta dos sucessivos governos orientou-se pelo estabelecimento de assistência na forma de transferência de renda através dos chamados Planes Trabajar (PT), criados por Carlos Menem, que mudam de nome para Planes de Jefes y Jefas de Familia (PJJF) em 2002. De 200.000 PT em 1997, passa-se a 1.300.000 PJJF em outubro de 2002, estabilizando-se em 2.100.000 a partir da ascensão de Néstor Kirchner.

Outra área de atuação que o aproxima das reivindicações dos movimentos sociais é a política de direitos humanos, em que reabre as discussões sobre a ação das forças armadas durante o regime militar de 1976-83. Em março de 2006, quando se cumprem 30 anos do golpe, Kirchner coloca publicamente em discussão a anulação dos indultos concedidos por Menem em 1990 aos principais dirigentes da ditadura. No mês de abril de 2007, o Tribunal Penal Federal considera inconstitucionais os decretos de anistia com base na tese da não prescrição dos crimes contra a humanidade. Essa postura lhe granjeia o apoio de organizações de defesa dos direitos humanos, como as Mães e Avós da Praça de Maio.

A trajetória do presidente revela um forte pragmatismo, mostrando capacidade de adaptação às mudanças político-ideológicas que afetaram o país e o seu partido nas décadas recentes. Vinculado à Tendência Revolucionária, próxima ao Movimento Peronista Montonero, nos anos de estudante de direito na Universidade de La Plata, adquiriu projeção como político na sua província natal, Santa Cruz, elegendo-se prefeito da capital e depois governador por três mandatos, após aprovar reforma constitucional garantindo a reeleição indefinida. Durante a presidência de Menem, foi um dos seus principais aliados, destacando-se entre os governadores que apoiaram a privatização da empresa YPF (Yacimientos Petrolíferos Fiscales).

Rompe com Menem no momento em que este busca alterar a legislação para tentar uma segunda reeleição, alinhando-se com Duhalde, candidato presidencial do Partido Justicialista (PJ) derrotado por De la Rua. Eleito presidente, vai se afastando de Duhalde até o rompimento, nas eleições legislativas de 2005, em que lança a Frente Para a Vitória (FPV). Embora aliada do PJ, a FPV terá algumas candidaturas próprias, como a da Primeira Dama, Cristina Fernandez. Militante peronista desde a juventude e com uma trajetória parlamentar iniciada em 1985, no processo de redemocratização, concorre ao senado pela Província de Buenos Aires, derrotando Hilda Duhalde, esposa do ex-padrinho político.

Os resultados favoráveis nas eleições, em que seus aliados resultam vencedores em 14 das 24 províncias, fortalecem a liderança de Kirchner. Como passo seguinte, busca afiançar o poder, estabelecendo acordos que lhe garantem maioria no parlamento, apoio da maior parte dos governadores e prefeitos do país, convivência pacífica com as centrais sindicais e os setores mais moderados dos piqueteros. Por outro lado, a experiência da FPV dá fôlego ao projeto de construir uma nova força política de centro esquerda, para a qual busca atrair setores de trajetória diversa, dentro e fora do peronismo.

A iniciativa mais importante nesse sentido é o lançamento de Cristina Fernandez à sua sucessão, numa fórmula em que o candidato à vice-presidente Julio Cobos, governador da província de Mendoza, pertence à União Cívica Radical, que vence as eleições no primeiro turno, em 28 de outubro de 2007. Néstor Kirchner termina su mandato con índice de imagen positiva próximo a los 60%.

Num quadro de crise e mobilização que parecia antever o inicio de uma situação pré-revolucionária, a ordem retorna na Argentina das mãos do peronismo, colocando em operação, embora com matizes novos, seu tradicional poder de atração de lideranças políticas, sociais e sindicais para a esfera do Estado. Nesse processo, Néstor Kirchner constrói uma liderança cuja influência transcende o exercício do seu mandato, tornando-se o principal operador político da presidência de Cristina, tanto na dimensão da gestão do poder executivo, como da articulação das suas bases de sustentação no âmbito dos demais poderes do Estado, as organizações partidárias, os sindicatos e movimentos sociais.

A morte inesperada, aos 60 anos de idade, quando se cogitava seu nome como candidato às eleições de 2011, traz grandes desafios para o governo de Cristina. Além da dolorosa perda pessoal, deverá enfrentar o vácuo deixado pela sua liderança, componente fundamental do projeto de poder que construíram juntos, e que se tornou referência obrigatória do debate nacional sobre os rumos futuros da Argentina.

*Luis Fernando Ayerbe é coordenador do Instituto de Estudos Econômicos e Internacionais da UNESP

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Rodrigo Vianna: o dia em que até a Globo vaiou Ali Kamel


Tirado do Escrivinhador

O dia em que até a Globo vaiou Ali Kamel

Passava das 9 da noite dessa quinta-feira e, como acontece quando o “Jornal Nacional” traz matérias importantes sobre temas políticos, a redação da Globo em São Paulo parou para acompanhar nos monitores a “reportagem” sobre o episódio das “bolinhas” na cabeça de Serra.

A imensa maioria dos jornalistas da Globo-SP (como costuma acontecer em episódios assim) não tinha a menor idéia sobre o teor da reportagem, que tinha sido editada no Rio, com um único objetivo: mostrar que Serra fora, sim, agredido de forma violenta por um grupo de “petistas furiosos” no bairro carioca de Campo Grande.

Na quarta-feira, Globo e Serra tinham sido lançados ao ridículo, porque falaram numa agressão séria – enquanto Record e SBT mostraram que o tucano fora atingido por uma singela bolinha de papel. Aqui, no blog do Azenha. você compara as reportagens das três emissora na quarta-feira. No twitter, Serra virou “Rojas”. Além de Record e SBT, Globo e Serra tiveram o incômodo de ver o presidente Lula dizer que Serra agira feito o Rojas (goleiro chileno que simulou ferimento durante um jogo no Maracanã).

Ali Kamel não podia levar esse desaforo pra casa. Por isso, na quinta-feira, preparou um “VT especial” – um exemplar típico do jornalismo kameliano. Sete minutos no ar, para “provar” que a bolinha de papel era só parte da história. Teria havido outra “agressão”. Faltou só localizar o Lee Osvald de Campo Grande. O “JN” contorceu-se, estrebuchou para provar a tese de Kamel e Serra. Os editores fizeram todo o possível para cumprir a demanda kameliana. mas o telespectador seguiu sem ver claramente o “outro objeto” que teria atingido o tucano. Serra pode até ter sido atingido 2, 3, 4, 50 vezes. Só que a imagem da Globo de Kamel não permite tirar essa conclusão.

Aliás, vários internautas (como Marcelo Zelic, em ótimo vídeo postado aqui no Escrevinhador) mostraram que a sequência de imagens – quadro a quadro – não evidencia a trajetória do “objeto” rumo à careca lustrosa de Serra.

Mas Ali Kamel precisava comprovar sua tese. E foi buscar um velho conhecido (dele), o peritoRicardo Molina.

Quando o perito apresentou sua “tese” no ar, a imensa redação da Globo de São Paulo – que acompanhava a “reportagem” em silêncio – desmanchou-se num enorme uhhhhhhhhhhh! Mistura de vaia e suspiro coletivo de incredulidade.

Boas fontes – que mantenho na Globo – contam-me que o constrangimento foi tão grande que um dos chefes de redação da sucursal paulista preferiu fechar a persiana do “aquário” (aquelas salas envidraçadas típicas de grandes corporações) de onde acompanhou a reação dos jornalistas. O chefe preferiu não ver.

A vaia dos jornalistas, contam-me, não vinha só de eleitores da Dilma. Há muita gente que vota em Serra na Globo, mas que sentiu vergonha diante do contorcionismo do “JN”, a serviço de Serra e de Kamel.

Terminado o telejornal, os editores do “JN” em São Paulo recolheram suas coisas, e abandonaram a redação em silêncio – cabisbaixos alguns deles.

Sexta pela manhã, a operação kameliana ainda causava estragos na Globo de São Paulo. Uma jornalista com muitos anos na casa dizia aos colegas: “sinto vergonha de ser jornalista, sinto vergonha de trabalhar aqui”.

Serra e Kamel não sentiram vergonha.

Dilma: "ninguém respeita quem deixa uma parte do seu povo na miséria"

No teatro Casa Grande, em um discurso de quase uma hora, Dilma fez um grande retrospecto da sua vida e dos oito anos do governo no qual ocupou duas pastas. Desconstruiu tabus. Mostrou que os programas sociais não são assistencialismo, como ouvimos no PIG, são, antes de tudo, sine qua non para o exercício da soberania.

Dilma contou que custou a entender quem era o 'você' da música Apesar de você do Chico, canção que ela conheceu no Presídio Tiradentes, onde foi parar por lutar contra a ditadura, momento de revés. Demonstrando maturidade, disse que momentos como aqueles ajudaram a torná-la combativa.

"Apredemos a perder. Quem perde adquire uma grande capacidade de resistir. Eu quero dizer a vocês que eu me formei na vida política perdendo. Mas perdendo e ao mesmo tempo ganhando, porque ganhar a capacidade de lutar e de resistir é algo que uma geração não pode abrir mão. Eu tenho muito orgulho das minhas derrotas, porque foram boas derrotas, foram derrotas de uma luta correta."

Falou da descontrução de tabus. "O primeiro tabu é que era impossível que esse país crescesse e distribuísse renda". "O Brasil podia crescer sim sem que houvesse inflação". Que não era possível investir em ensino fundamental (básica e média) e ensino superior e que os investimentos teriam sempre que sacrificar o último.

Um balanço da gestão Lula não poderia deixar de falar em inclusão social. Dilma corrigiu Boff: "governo nenhum consegue tirar 28 milhões da pobreza e elevar, porque já é 28 milhões, viu, meu querido Boff... a gente, mesmo com a crise, incorporou mais gente, tirou da miséria e incorporou 36 milhões às classes médias. Ninguém consegue isso se não perseguir isso sistematicamente".

Falou de futuro. "o meu compromisso é que é possível erradicar a pobreza no Brasil, é possível! Não só é possível, como é, melhor ainda, visível. Nós temos a possibilidade de fazer isso nos próximos anos. E por que eu digo isso? Nós tiramos - e não é um dado que pode ser objeto de disputa eleitoral -, nós tiramos 28 milhões, na situação dos 28 milhões, tem mais em torno de 21 milhões. 21 milhões, mantida esta política, ou acelerada, nós tiramos num horizonte que nós podemos enxergar o resto dos brasileiros da situação de miséria".

Relacionou política internacional, soberania nacional, com política interna, programas sociais no que foi o tapa de pelica em FHC.

"Mas é também, como eu disse no início, a nossa concepção política que levou a sermos capazes política de respeito em relação aos países da Europa, aos Estados Unidos e ao Japão. Foi a nossa atitude, hoje nós somos respeitados lá fora também por uma outra razão: ninguém respeita quem deixa uma parte do seu povo na miséria, ninguém! Pode ser um intelectual mais brilhante, mas ninguém respeita, se não tirar seu povo da miséria, ninguém respeita".








quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Chauí: estamos lutando pela dignidade e pela cidadania do povo brasileiro

Deixa a Dilma me levar
Dilma leva eu.
Sou feliz e agradeço
Por tudo que você fez.

Beth Carvalho pediu licença a Serginho Meriti e Eris do Cais, autores do clássico samba, e conduziu a plateia com maestria.

Esse foi um dos momentos que ficarão pra sempre na minha memória e que gostaria de partilhar com vocês. Assim como quando todo o teatro cantou com Lia de Itamaracá a clássica ciranda que tem seu nome.

Coube a Paulo Betti fazer a síntese - como ele mesmo disse - do período eleitoral: "você pode ter direito, você cobra, mas você não faz aquilo que você prega", referindo-se a demissão de Maria Rita Kelh do Estadão. Mas Gogh, antes de passar o chapéu pra Dilma, também sintetizou o movimento da direita nesse momento eleitoral: "eles confundem a fé na maldade que eles colocam, na tão falada, famigerada, Família, Tradição e Propriedade".

Leonardo Boff disse que pediu a deus, em sua oração matinal, um sinal e foi atendido. Se Oscar Niemeyer, com seus 102 anos, viesse, seria um sinal de que a vitória virá. E lá estava ele. Boff passou a palavra a Chico Buarque, a quem chamou de anjo Gabriel. Chico falou como um chanceler: "O Brasil que queremos não fala fino com Washington e nem grosso com Bolívia e Paraguai. Por isso, é ouvido e respeitado no mundo todo".

Luiz Alberto Goméz de Souza leu trechos do manifestos Se nos calarmos, até as pedras gritarão assinado por evangélicos e católicos, entre eles D. Thomas Balduíno e D. Pedro Casadáliga.

Marilena Chauí, com suas clareza, exatidão e perspicácia características, disse que estávamos ali para continuar incluindo todo o povo brasileiro no mundo da cidadania. "Todos os programas sociais não são quaisquer programas, eles são programas de afirmação da dignidade, da cidadania e da presença de todo o povo brasileiro no campo da cultura, no campo da educação, no campo da economia, no campo da vida digna e feliz. É isso que nós queremos que continue, é por isso que estamos lutando".

Seu discurso passou pelo conceito de Democracia, pré-sal, programas sociais, pela obscenidade do panfleto da oposição. Discurso tão rico que achei melhor trazer na íntegra.

(O discurso de Dilma virá na próxima postagem)


Grande Evento no Casa Grande


O evento de em que artistas e intelectuais declararam seu apoio à Dilma no Teatro Casa Grande foi marcante. Por vário aspectos.

Chovia, assim como no primeiro comício de 2010, que também foi aqui no Rio, em outro palco, em outra trincheira da democracia, a Cinelândia. Essa era a sensação da militância: (re)começava a campanha.

Emir Sader abriu o evento lamentando que não foi no Canecão, palco de envento correlato nas eleições anteriores. Mas ser no Teatro Casa Grande, teve um gostinho a mais. O deleite era o fato de que a militância carioca se encontrou com a nata da cultura nacional no habitat da extrema-direita carioca. Há poucas quadras dali, na eleição passada, uma das nossas teve seu dedo arrancado por um brucutu que saliva ódio de classe.

Intelectuais, artistas e políticos lotaram o palco.

Busquei os vídeos com os depoimentos dos artistas e intelectuais que compareceram. Alguns depoimentos foram filmados no Casa Grande. Estranhei não encontrar na rede alguns depoimentos que lá foram transmitidos ao vivo, como os de Fernando Aniteli (de O Teatro Mágico), Gogh (que inclusive compôs o rap da campanha) entre outros.

Deixo minha crítica às coberturas feitas PT, CUT e Carta Maior. O evento da candidatura de uma mulher à presidência teve dois mestres de cerimônia, uma homem e uma mulher.

O nome do ator Osmar Prado consta em quase todos os textos sobre o evento.

Já o nome da atriz que dividiu os trabalhos com ele, foi difícil conseguir. Mesmo ela tendo lido o poema Filhos da paixão que introduziu o discurso de Dilma.

Na Carta Maior, por exemplo, me impressionou a negligência: "foi lido o poema "Os filhos da paixão", de Pedro Tierra, sob silêncio absoluto."

Felizmente, quem tem amigo não morre pagão. Meu amigo Flávio Helder tinha um contato na produção do evento, Morgana Eneile. Obrigado aos dois.

O nome da atriz é Tuca Moraes.

Além de Tuca Moraes e Osmar prado, participaram do evento, entre outros Chico César, Yamandu Costa, Cristina Pereira, Antonio Pitanga, Nana Vasconcelos, Alcione, Paulo Betti, Antonio Grassi, Zé Celso Martinez, Renato Borgueti, Fernando Aniteli, Emir Sader Gogh, Zezé Mota, Alceu Valença, Beth Carvalho (na cadeira de rodas! que lindo), Geraldo Azevedo, Niemeyer, Marilena Chauí, Lia de Itamaracá, Margareh Menezes, Fernando Morais, Rosimary, Sérgio Mamberti, Wagner Tiso, Leci Brandão, Deborah Colker, Arthur Poerner, Jonas Block, Rui Guerra, João Pedro Stédile, Eric Nepumuceno , Jaques Wagner, Benvindo Siqueira, Ziraldo, Hugo Carvana, e, claro, Chico Buarque.

Entenda como e por que Serra afundaria o Brasil na crise mundial

Na eleição de 2006, os tucanos disseram que o sucesso da gestão Lula na economia era por causa dos bons ventos da economia internacional.

Logo depois, o governo Lula enfrentou um dos piores momentos (quiçá o pior) da economia internacional e não quebramos.

Bem diferente de gestão tucana.

Eles quebraram a cara. Deram pitacos, disseram que a condução estava errada, secaram e quebraram a cara.

jorbacdc fez uma ótima reconstituição daqueles meses.


segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Meio cheio/meio vazio

Infelizmente, não ganhamos a eleição no 1º turno, mas o copo está loge de estar meio vazio.

Não escondo minha insatisfação. Interpretar o que houve deverá ocupar muita gente. Fato é que nenhum intituto, analista político ou político previram Marina beirando os 20%.

Mas nem tudo são lágrimas. Na eleição pro Congresso, o quadro foi bom, ouso dizer ótimo.

Artur Virgílio, Marcos Maciel, Heráclito Fortes, Tasso Jereissati e César Maia vão ficar sem mandato. Isso é muito bom.

Além disso, a banacada governista cresceu.

Precisamos trabalhar pro segundo turno.