segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Vinicius, o embaixador


Vinicius se apresentou como poeta e diplomata em uma de suas parcerias com Baden.


O poetinha entrou pra carreira diplomática em 1943. Sua aposentadoria compulsória é mais um elemento no rosário da ditadura.


Esse erro histórico foi reparado em 2006 e, hoje, o capitão do mato foi promivido ao cargo de Embaixador.


Algumas atrocidades têm remédio, podem ser reparadas. Outas, não. Pior são as que podendo ser reparadas não o são.


Ficam o orgulho pela inicativa e as palmas pra nossa chancelaria. Ficam a indignação e a insatisfação com a AGU, com o Ministério da Justiça e com as Forças Armadas. Arquivos poderiam ser abertos e torturadores poderiam se defender em julgamentos por condenarem sem defesa os que lutavam pela democracia.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Quem é quem no norte da América do Sul



Recentemente, o futuro-ex-quase-vice-presidente do Brasil disse que o maior partido de esquerda do país tem ligações com narcotraficantes, coisa que, segundo Vossa futura-quase-Excelência dizia ser de conhecimento de todo mundo.

O futuro-ex-quase-presidente tentou, sem muito esforço nem muito sucesso, desfazer o mal-estar. Seu empenho não poderia ser outro, afinal, já tinha feito acusação similar ao governo da Bolívia, dando um ótimo exemplo de sua habilidade diplomática e uma amostra de como seria adrenalina pura a política externa dele.

Coincidências da vida, o diplomata colombiano fez acusação similar ao governo venezuelano.

A verdade é que a argumentação da direita sulamericana perde fundamentos em proporção direta à redução do seu espaço.

Quem é o despota, quem é o democrata?

Chávez foi eleito presidente da Venezuela em 1998 no sistema político eleitoral vigente até então. Um sistema viciado, em que havia um pacto entre as elites venezuelana para que a alternância de poder não alterasse o status quo, aqule jogo conhecido: muda todo mundo pra não mudar nada.


Como presidente, propos uma Constituinte em 1999. Submeteu a convocação da Constituinte ao crivo popular. Resultado, mais de 90% de aprovação à iniciativa. Com a conclusão dos trabalhos, a Constituição Bolivariana da Venezuela foi aprovada por 70% dos votantes.

Depois que as regras mudaram, Chávez disputou nova eleição, sob a nova constituição. Em 2000, Chávez foi eleito presidente novamente. Existe um dispositivo na Constituição Bolivariana que submete o mandato executivo, inclusive o do presidente, a um referendo que pode interroper o mandato no meio. O novo mandato teve início em 2001 e o referendo revogatório foi realzado em 2004.

Em 2007, Chávez foi reeleito presidente. O chavista deram um banho em todas as eleição para a Assembleia Popular, deixando explícito a falta de apoio popular que a oposição de direita. É a síndrome de que sofrem as direitas em todo nosso continente, são minorias com complexo de maioria, querem governar o povo e país sem que os povo se sinsta representado neles.

Em resumo, Chávez e o projeto bolivariano foram submetidos a três eleições presidenciais, uma Constituinte, dois referendos e duas eleições para o parlamento.

No meio disto, houve um golpe midiático, com a deposição violenta de Chávez em abril de 2002, e um golpe dos tecnocratas da PDVSA que interromperam a produção e o refino de petróleo no país, no final do mesmo ano. Em todas as ocasiões, a população apoiou o presidente. Os golpista ficaram restritos ao apoio dos de sempre, os que sempre apoiaram os golpes na América Latina, os Estados Unidos.

O governo Bush foi o primeiro a legitimar o governo golpista de Carmona. Aliás, por falar em George Bush, chegamos a Álvaro Uribe. Existiu entre eles uma relação de reciprocidade: o maior aliando de Uribe era Bush, que tinha em Uribe seu aliado de primeira hora no continente.

Antes de ser eleito presidente, Uribe foi governador de Antioquia, estado cuja capital é Medelín, cidade natal do presidente colombiano.

Se elegeu presidente em 2002, alterou a constituição, instituindo a reeleição, disputou novo mandato e venceu. Assim como FH e diferentemente de Chávez, Uribe alterou as regras do jogo - com a bola rolando - em benefício próprio.

O processo de aprovação da reeleição foi marcado por corrupção, assim como aqui no Brasil. Tentou um terceiro mandato mas ficou muito escandaloso.

Quem põe em risco a paz na América do Sul?
Foi Álvaro Uribe, e não Chávez, que invadiu um país vizinho em tempos de paz e sem declaração de guerra.

Alegando estar atrás de guerrilheiros das FARC-EP, o exército colombiano (quiça com a participação de tropas estadunidenses) executou incursão militar além de suas fronteiras, invadindo território equatoriano. Algo assim não ocorria desde 1938, quando Bolívia e Paraguai se enfrentaram na Guerra do Chaco.


Foi Álvaro Uribe quem assinou acordo com os EUA para que este instalasse bases no continente. Num momento em que a América do Sul tem governos não alinhados a Doutrina Monroe, a instalação de bases dos Estados Unidos não pode ser enquadrada como uma ação pela paz no continente.

Quem tem ligação com narcotraficantes?

Foi nos anos 80, nos tempos em que Uribe era governador de Antioquia que os cartéis de cocaína mais se desenvolveram.

O helicóptero de Alberto Uribe, pai de Álvaro Uribe, foi visto várias vezes descendo de na propriedade de Pablo Escobar.

Só a DEA e a CIA fingem não saber que o os maiores aliados do narcotáfico na Colômbia são as Autodefesas Armadas da Colômbia (AUC). As AUC são uma milícia paramilitar de extremadireita e dominam os territórios onde a produção de cocaína é mais concentrada.
O ex-lider do governo no senado, Mario Uribe, primo do presidente, responde a processo por ligação com o narcotráfico, com a máfia e com os paramilitares da AUC.

A despeito de todas essas evidências, não vejo o presidente colombiano ser chamado de narcopresidente, o que torna mais claro pra mim a tentativa de associar os movimentos de esquerda, sejam institucionais ou guerrilheiros, com o narcotráfico. São os pesos diferentes do PIG.